Sábado. 17 de agosto de 2013. 21 horas e 57 minutos. Já estou em terras tupiniquins. Mal acostumado com o fato de na Europa apenas pôr o pé na faixa de pedestres ser o bastante para todos os carros pararem para o pedestre atravessar a rua, já quase fui atropelado 7 vezes no centro de Ponta Grossa. Você percebe que é uma pessoa amada quando pergunta pros
amigos do Brasil: “O que aconteceu de bom na minha ausência?” e eles
respondem “A sua ausência”.
Aaaah
Itália... Uma das botas perdida por Judas. Conhecida por ser a Terra das
Massas, da Máfia, de Mussolini, Baggio.... Dizem que a Itália é fruto do
trabalho... Dos outros. Nós brasileiros temos uma imagem errada dos italianos,
vendo-os como um monte de gente obesa gritando “Mamma-mia” e comendo macarrão.
É uma visão completamente errada porque os italianos não são obesos (mas comem
macarrão gritando “Mamma-mia”).
Fui à
Itália. Passei por Milão, Veneza, Florença, Pisa, Livorno e por fim tive boca e
fui a Roma. E apesar dos compromissos pessoais que estão lotando a minha agenda
aqui no Brasil (compromissos pessoais = dormir e comer), aos poucos vou
escrevendo sobre cada cidade.
Como diria Elize
Matsunaga, vamos por partes! A viagem já começou cansativa, pois tivemos que
dormir no aeroporto de Porto (já que o voo era bem cedo). Não havia camas,
somente alguns bancos de metal (que, diga-se de passagem, eram mais
confortáveis que as camas do Hostel que ficamos em Londres). Foram incríveis 2
horas de sono (tempo médio que um paulistano dorme... por semana).
Chegamos a
Milão pela manhã e fomos direto ao Hotel. O Hotel chamava-se “Hotel Brasil”,
mas de brasileiro mesmo não havia nada. Estávamos na esperança de sermos
atendidos por um brasileiro, mas quem estava na recepção era um velhinho
italiano engraçado (que se torna pleonasmo, já que todo velhinho italiano é
engraçado). A noite ele ficava assistindo novela deitado em um sofá que ficava
na porta do quarto das meninas. Parecia um vigia. Só faltou uma espingarda, um
cachorro e um “paiero” na boca...
Duomo de Milão (FOTO: Silvio Berlusconi)
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Pegue o pombo, pegue o pombo, pegue o pombo... ((FOTO: Adriana Bombom) |
Mas a
partir de 2009 a catedral ganhou destaque internacional quando Silvio Berlusconi foi
atingido por uma réplica do Duomo. As réplicas da catedral bateram recordes de
venda. A miniatura da Catedral possui 136 pontas de mármore, causando certa
gravidade nos ferimentos do querido titio Berlusconi. Ainda bem que Berlusconi
não é de Ponta Grossa, onde um de seus principais monumentos era o Cocozão em
frente à Universidade. Garanto que se fossem jogar uma réplica fresca deste
monumento, o estrago seria bem pior...
Mas vamos
falar um pouco sobre o Titio Berlusconi.
Um político italiano que possui tantos escândalos na sua vida que fácil
fácil tornar-se-ia presidente do Brasil. É considerado o homem mais rico da
Europa e já foi primeiro-ministro italiano 3 vezes. É dono do Milan, de uma fortuna estimada em
29 bilhões de dólares, dos principais meio de comunicação da Itália, dos
principais bancos da Itália, da Itália e até mesmo dono desse blog.
Mas titio
Berlusconi está numa fase tão ruim quanto a do time do São Paulo (mentira, não
é tão ruim assim). Ele foi condenado a 4 anos de prisão por fraude fiscal e corre
o risco de ser banido da política até o fim da sua vida. Assim como alguns
membros do Vaticano, está envolvido em vários escândalos sexuais envolvendo
menores (a diferença é que ele tem grandes chances de ser julgado por isso). Nas
ruas dava pra ver várias pessoas protestando contra a demora da condenação do titio
Berlusconi. E o mais incrível é que os italianos sabem que dá pra protestar sem
máscaras toscas do Anonymous ou frases de efeito escritas com toda delicadeza
em cartazes para sair bonito no filtro do Instagram.
Agora,
tirem as crianças da frente do computador. Durante alguns interrogatórios,
descobriram que um dos fetiches do ex-primeiro-ministro italiano, acreditem, é
o ex-jogador de futebol e atual malabarista de sinaleiro Ronaldinho Gaúcho. Ele
pedia pra algumas stripers se fantasiarem de belzebu Ronaldinho e
dançarem sensualmente pra ele. Imaginei a cena e acho que eu não fazia uma cara
de nojo tão grande desde o ultimo filme erótico da Gretchen.
(1 minuto
de intervalo para que todos nós possamos recuperar a saúde mental depois do
parágrafo acima)
Próximo ao
Duomo encontra-se a Galleria Vittorio Emanuele II, onde se encontram lojas que só
a alta classe italiana frequenta. Lá você pode comprar camisetas encontradas em
qualquer outra loja, mas que por terem uma etiqueta da Armani valem mais que
seu rim no mercado negro (cerca de 110 mil reais). (Não me perguntem como sei o
preço de um rim no mercado negro).
Cansados de
tanto luxo e fineza, fomos ao Castello Sforzesco, construído no século XV por
Francesco Sforza. Francesco foi um duque de Milão famoso por ser capaz de
envergar barras de metal com suas próprias mãos. Se fosse brasileiro, seria
apenas mais um exibicionista a se apresentar no Programa do Ratinho entornando
barras de metal com a mão e colheres com a mente.
Junto ao
Castelo encontra-se o Parco Sempione, um parque que seria muito legal se não
fosse o fato de pernilongos sanguinário maiores que a dignidade de vocês
habitarem o parque. Perdi uns 3 litros de sangue. Os pernilongos eram tipo o
Edward do Crepúsculo, só que héteros. Um monstro europeu não tirava tanto
sangue de um latino-americano assim desde 1500... (Amo você, Portugal!!)
A noite
fomos ver como era a noite italiana. Descobrimos a Via Corso Como, famosa por
conter vários barzinhos e danceterias famosas. Chegamos lá e havia um desfile
de moda no meio da calçada. Várias modelos anoréxicas com o cabelo armado
desfilando de biquíni. Eram tão magras que acho que o teclado do meu computador
já consumiu mais comida que elas. E várias pessoas cercavam-nas. Curtindo o
evento? Não, fazendo barreira para que o vento não levassem as modelos embora.
Castelo Sforzesco (FOTO: Nino)
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Parco Sempione, casa dos monstros europeus sanguinários (FOTO:
Cristovão Colombo)
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Noutro dia
fomos ao Estádio Giuseppe Meazza/San Siro, um dos grandes palcos do futebol
mundial. O estádio é usado pelo Milan e pelo Internazionale de Milão. A
rivalidade é tanta que eles não aceitam “jogar no mesmo estádio”. Para resolver
isso, os torcedores de cada time chamam o estádio por nomes diferentes. Para os
torcedores do Milan, é Estádio San Siro. Para os do Inter de Milão, é Estádio
Giuseppe Meazza. Rivalidade típica de times brasileiros como São
Paulo/Corinthians; Palmeiras/Guarani; Santos/Goool do Barcelona.
Estádio San Siro (FOTO:
Kaka)
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Ainda deu pra visitar o Museu San Siro. Dentre as várias coisas legais que haviam lá, destaque para algumas estátuas de cera de grandes ídolos do futebol, camisetas autografadas e algumas taças (inclusive das últimas Champions League que Milan e Inter ganharam).
Por fim,
fomos a Igreja Santa Maria delle Grazie, famosa pela pintura “A Última Ceia”,
obra do pintor e tartaruga ninja Leonardo da Vinci e cinco de março, que
foi pintada na parede do refeitório do convento. Mas para ver a pintura era
preciso reservar com 3 meses de antecedência e como amantes e adoradores da
arte, não tínhamos a mínima ideia disso.
Assim é
Milão. Igrejas pontudas sendo atiradas em políticos, pernilongos sanguinários, stripers
fantasiadas de Ronaldinho Gaúcho, desfiles de moda no meio das ruas... Vocês
sabiam que em Milão “Bife a Milanesa” é conhecido apenas como “bife”?
Câmbio,
desligo.
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