domingo, 31 de março de 2013

-> Socorram-me em Marrocos <--

Domingo, 31 de março de 2013. 23 horas e 36 minutos. Passar a Páscoa longe de casa é meio chato, estou curtindo tanto quanto uma pessoa com intolerância a lactose. Você percebe que está ficando velho pela quantidade de chocolate que ganhou hoje. 

Há mais de 250 milhões de anos atrás a “África” divorciava-se da “América”, indo cada um para um lado, desfazendo a Gondwana. No dia 24 de março alguns latino-americanos (incluindo eu, apenas um rapaz Latino-Americano, sem dinheiro no banco e sem parentes importantes) voltaram ao continente africano.

Fomos até Marrocos, extremo noroeste da África. Marrocos em árabe quer dizer المغرب, que traduzido para o português fica المغرب. Realmente, um belo significado.

A bandeira do Marrocos é vermelha com uma estrela verde ao centro. Até 1915, a bandeira era toda vermelha, assim como a de muitas bandeiras de países árabes na época. Os franceses, que naquela época queriam roubar toda a galáxia para expor no Museu do Louvre, queriam roubar também a bandeira e levá-la para o Louvre para que a mesma ficasse exposta junto a todas as outras obras de arte roubadas. Mas como não deu certo, por sugestão dos colonizadores franceses, com o objetivo de diferenciá-la das demais e mostrar quem manda, o pentagrama foi incluído.

Graças a grande influência europeia, assim como os europeus de séculos passados, os marroquinos odeiam a África e sonham com o dia em que Marrocos poderá entrar para a União Exploradora Europeia, já que o mesmo não faz parte da União Explorada Africana.

Em 1956 Marrocos conseguiu sua independência da Espanha, mas assim como Lionel Messi, Ceuta (região localizada no extremo noroeste africano, logo após o estreito de Gibraltar) ainda é de domínio Espanhol. Ceuta fica no lado africano ao passo que Gibraltar fica no lado europeu. Assim sendo, Ceuta é uma “Ciudad del Este” africana e Gibraltar uma “Foz do Iguaçu” europeia.

A viagem foi longa, extremamente cansativa. A viagem foi tão longa que eu consegui ouvir “Faroeste Caboclo” 3 vezes, ou seja, quase 24 horas dentro de um ônibus. Tanto tempo dentro dele fez com que críassemos um laço afetivo, um certo carinho por aquelas poltronas desconfortáveis e cheiro de Doritos em seu interior. 


Socorram-me subi no ônibus em Marrocos (sempre quis fazer isso).
O ônibus saiu de Coimbra, passou por Lisboa e Évora pegar mais uma cambada e seguiu pela Espanha, rumo ao Estreito de Gibraltar, uma separação entre a África e a Europa. Portanto, chegando ao Porto de Algeciras, no extremo Sul da Espanha, tivemos que pegar um Ferry Boat.

Isso não seria um problema se, assim como as obras da Copa do Mundo de 2014, o Ferry Boat não tivesse atrasado.  Após 8 horas de espera no Porto de Algeciras, pegamos o Ferry Boat rumo ao Marrocos. A paisagem era linda e... Aaaah é mentira. Eu não tenho a mínima ideia de como era a paisagem do Estreito de Gibraltar, pois dormi a viagem toda. Depois de algumas burocracias inúteis que rondam a fronteira de todo e qualquer país, fomos à Rabat, capital de Marrocos.

Já na chegada, um susto. Uma mulher agarrou meu braço e me mostrou uma seringa. Pensei: ela vai me dar uma injeção letal. Então, ela me mostrou que dentro da seringa tinha um... Um... Ah, alguma coisa parecida com barro, e que iria usar para escrever algo no meu braço. Disse que não e fui andando. Mas a mulher era persistente, tão chata quanto vendedores de Telemarketing. Agarrou meu braço e começou a desenhar algo que não tenho a mínima ideia do que seja. Como o desenho era feio, contra minha vontade e feito em menos de 10 segundos, tirei 2 euros da carteira. Mas ela não aceitou, e me forçou a pagar 10 euros pela “obra de arte”. No Brasil, quando algo é muito caro, dizemos que é uma facada. No Marrocos acho que usam a expressão “seringada”.

Em árabe: Grande Turista Trouxa Que Me Deu 10 Euros.
In English: Blábláblábláblá (-Guia da Viagem).
Essa mulher assemelha-se muito a vendedores de telemarketing e estupradores. Você pode falar 30 vezes que não, mas mesmo assim eles te enfiam coisas que você não queria.

Depois desse assalto, fomos conhecer a Torre Hassan, localizada na Mesquita de Hassan. Sua construção teve início em 1184 e ficou pronta apenas 15 anos depois, em 1199 (semelhante às obras da Copa do Mundo de 2014, que só ficarão prontas daqui a 15 anos). Dentro da Torre de Hassan está o Mausoléu de Mohhamed V, que morreu em 1961. Em Marrocos o pessoal é como na Venezuela, que gostam de ver gente morta ainda tendo algum poder...




Torre de Hassan e os Palanques representando os dias do Calendário Árabe
Mausoléu de Mohhamed V
Próximo à torre encontram-se 355 palanques, que representam os dias do calendário árabe. Dizem que os árabes não tinham noção de que um ano tem 365 dias. Não acredito nisso. Acho que faltou verba para construção de mais 10 palanques e ficou por isso mesmo. O “Criador” também fez uma homenagem assim para o Brasil, colocando uma estrela no céu para cada político corrupto em Brasília.

Então fomos a um dos Palácios do Rei Mohammed VI, atual Rei da cocada preta de Marrocos. A entrada do palácio é cercada de soldadinhos de chumbo que podem atirar em você a qualquer movimento brusco. Depois fomos a um lugar que não sei onde era. Por um momento achei que estava na cracolândia, já que havia várias crianças e adolescentes usando drogas como maconha, crack e sertanejo universitário.

Falando em drogas, o motorista do ônibus (que era português) era fã de Calcinha Preta, uma banda de Forró Corno Music. Então, ele foi a viagem toda escutando o CD da banda, CD o qual tinha as seguintes faixas:
  1. Você não vale nada mas eu gosto de você
  2. Você não vale nada mas eu gosto de você
  3. Você não vale nada mas eu gosto de você
  4. Você não vale nada mas eu gosto de você (Acústico)
  5. Você não vale nada mas eu gosto de você
  6. Você não vale nada mas eu gosto de você (Remix)
  7. Você não vale nada mas eu gosto de você (Participação especial de Calypso)
  8. Você não vale nada mas eu gosto de você (Ao vivo)
  9. Você não vale nada mas eu gosto de você
  10. Você não vale nada mas eu gosto de você (Inédita)
  11. Tudo o que eu queria era saber por que. 
Seguimos para Marrakech, chegamos ao hotel e fomos jantar. Estava com medo da comida típica de Marrocos, já que tinha certo preconceito e achava que eram praticantes do canibalismo (Pastor Marco Feliciano curtiu isso). Mas a comida era ótima. Era salada de cenoura, salada de tomate, salada de pepino, salada de alface, salada de arroz (sério), salada de carne e salada de salada. Após o jantar fomos dormir, já que todos estavam muito cansados. Eu, por exemplo, passo o dia todo esperando pela hora de dormir. Com certeza é o auge do dia.

Salada de Salada, feito com Salada.
Essa é só a primeira parte da viagem até Marrocos. Para não ficar muito cansativo vou agora ensinar a fazer um belo miojo... Não, tô zoando. Mas aos poucos vou escrevendo aqui mais sobre Marrakech, Deserto do Saara, Mercadão, Camelos, China e outros países envolvidos na viagem.

Câmbio, desligo. 

sexta-feira, 1 de março de 2013

723 anos de Propinas


Sexta-feira, 1º de março de 2013. 22 horas e 51 minutos. Assim como o Palmeiras, o PIB brasileiro caiu em 2012. Hoje também é aniversário do Rio de Janeiro. Traficantes da Rocinha comemoraram apagando velhinhas. Eu rio de Janeiro, mas levo a sérios os outros meses (tun tun tiss).

Hoje a Universidade de Coimbra completa 723 anos, idade média do corpo docente da universidade. Segundo o Wikipedia A sua história remonta ao século seguinte ao da própria fundação da nação portuguesa, dado que foi criada no século XIII, em 1290, mais especificamente a 1º de março, quando foi assinado em pelo Rei D. Dinis I, o documento Scientiae thesaurus mirabilis, o qual criou a própria universidade e pediu ao Papa a confirmação. Se nos dias atuais, a universidade não existiria, já que não temos Papa.

Sim caros leitores dessa joça, a Universidade é mais velha que o Brasil. Antes mesmo dos portugueses explorarem catequizarem nossos índios a Universidade já existia. De lá pra cá a Universidade evoluiu muito: possui professores que são referências em suas áreas, técnicas modernas de pesquisas e já não exigem ouro ou madeira em troca de ensinamentos a galera que vem do Brasil.  

Ah, a Universidade de Coimbra foi então fundada em Lisboa. Coisa de português...

A UC localiza-se no topo da cidade, no topo do mundo, no topo do Universo. É fácil chegar à Universidade: suba qualquer rua. Qualquer subida em Coimbra dá acesso à mesma. Acredito que seja assim no mundo todo: se quiser visitar-nos, pegue qualquer subida aí e nos encontramos lá.
Universidade de Coimbra no topo do Universo
A Universidade de Coimbra possui aproximadamente 20 mil estudantes, abrigando uma das maiores comunidades de estudantes bêbados internacionais em Portugal. Desses 20 mil estudantes, muitos são índios colonizados por portugueses brasileiros. No curso de Biologia, por exemplo, 50% dos alunos são índios colonizados por portugueses brasileiros, sendo que:
  • 15% dos estudantes são de São Paulo; todos estranharam a presença de O­2 na atmosfera.
  • 15% dos estudantes são do Sul do Brasil; todos sofrem para explicar que erva-mate não se fuma, bebe-se.
  • 157878% dos estudantes são do norte e nordeste. Sério.
  • Não há estudantes do Acre. Não há pessoas no Acre. Não há Acre.

A quantidade de alunos nas aulas teóricas é diretamente proporcional à quantidade de políticos corruptos em Brasília. Ou seja, estudante pra caramba: se juntarmos os estudantes matriculados nas aulas teóricas com os políticos corruptos de Brasília, temos a massa equivalente à do André Marques. Cerca de 170 alunos estão inscritos em cada turma. Destes, apenas 60 vão as aulas frequentemente; 60 comparecem apenas nas aulas práticas e os 50 restantes provavelmente são estudantes do Acre, já que nunca ninguém viu.

O grande diferencial na Universidade de Coimbra para as Universidades brasileiras é que vendem cerveja dentro da universidade (juro). Outra diferença é que é dada uma maior ênfase as aulas práticas: 50% das aulas são práticas, com exceção da aula de Infecção e Imunidade, onde o professor não dá aulas por motivo de: não gosta de dar aulas.

E não basta estar matriculado nas matérias para pode ir às aulas práticas, tem que inscrever-se! Para isso serve o Inforestudante, uma espécie de Acadêmico Online da UEPG (a diferença é que mais de 10 pessoas podem entrar no sistema sem o mesmo travar).

Lá têm todas as informações que o aluno precisa: horários das suas aulas, nome e contato dos professores (o que facilita na hora de choramingar nota), notas das provas e testes, avisos, informações sobre as matérias e sobre o curso. Inclusive, os materiais das aulas são dispostos nesse site, sendo possível o download. Os slides que você não precisa sempre estão lá, já os slides que você precisa nunca são colocados. Ou seja, o Inforestudante também serve como um grande “E-mail da turma”. A vantagem é que aquele seu colega de turma revoltado não pode “mudar a senha” do e-mail nem apagar os avisos e materiais enviados pelo professor, já que cada estudante possui seu próprio login e senha.

E um grande problema da Universidade de Coimbra são as inscrições nas aulas práticas. Logo no começo do semestre abrem as vagas e as inscrições são feitas somente pelo Inforestudante. Isso não seria um problema se não fosse um pequeno desvio matemático que ronda a logística portuguesa: uma determinada disciplina tem 170 alunos matriculados. Logo, deveriam ser ofertadas 170 vagas em turmas práticas, correto? Não para a Universidade de Coimbra. Se em uma matéria existem 170 alunos matriculados, são ofertadas 50 vagas em aulas práticas. Aí amigo, não existe amizade que resista a tamanha concorrência. A ocorrência de homicídios nessa época aumenta em 75% segundo a polícia local. Amigos, amigos, vagas para turmas práticas à parte.

Aqui na UC todos os cursos de “graduação” são considerados de Licenciatura, ao contrário do Brasil, onde há uma divisão (não muito clara) entre curso de pobre Licenciatura e curso de quem se acha superior Bacharel. Assim, qualquer outra área que o acadêmico queira seguir necessita de um mestrado no mínimo. Se a pessoa quiser ser professor (mesmo de ensino básico), deverá iniciar um mestrado em educação logo quando termina a Licenciatura (que aqui tem a duração de 3 anos). Agora, se a pessoa quiser ser um profissional de sucesso e reconhecido, também terá que fazer um mestrado. Após os três anos de graduação, o aluno pode optar pela área que quer seguir, ao contrário das universidades brasileiras onde com 16 anos o aluno já deve escolher entre ser um professor ou ser um profissional valorizado.

E, apesar de ser considerada uma universidade pública, os estudantes devem pagar “propinas” para estudar aqui. Não, não estou falando daquele tipo de propina que acompanha o verbo roubar “politicar”. Propina aqui é como se fosse uma mensalidade anual (Mensalidade anual... Desculpem-me, é a convivência) paga à Universidade, que está por volta de mil euros por ano, o preço de um pequeno almoço em Paris. E com a crise atual, esse valor tende a subir cada vez mais, estando prestes a ultrapassar o PIB da Argentina (Chupa Messi). 

Graças a essas e várias outras características que não sei citei, a Universidade de Coimbra foi eleita a melhor Universidade Portuguesa e, com certeza, é uma das melhores do mundo.

Parabéns Universidade de Coimbra. Seus estudantes até gostariam de comprar um presente bem bonito pra você, mas o dinheiro todo foi usado para pagar as propinas...

Câmbio, desligo.