segunda-feira, 8 de abril de 2013

Saara - O Acre Africano

Segunda-feira, 08 de abril de 2013. 21 horas e 55 minutos. Um açougue em Londres vendeu carne humana, virando concorrente direto do McDonald's.

Durante a viagem ao Marrocos fomos ao deserto mais quente do mundo, localizado ao norte do continente africano. É também o segundo maior deserto do mundo, com uma área equivalente a 2,6 André Marques.

Sério, o Deserto do Saara é enorme, maior que o Brasil. Imagine o Brasil como um lugar deserto, cheio de cobras e outros animais peçonhentos prontos para dar o bote a qualquer momento. Não é difícil imaginar não. No Brasil temos um lugar extremamente deserto, que alguns chamam de Terra do Nunca Acre. E em Brasília podemos encontrar centenas de cobras no Congresso Nacional Brasileiro, prontas para dar o bote.
Traficante do deserto (FOTO: Fernando Beira-Mar)
O deserto do Saara é famoso pelas suas mais belas miragens que pode se obter. Se você for brasileiro pode imaginar um bar cheio de mulheres e com muita cerveja rolando à sua frente. Se você for um Argentino, pode pensar na mesma coisa: só que em vez de mulheres um monte de homem gritando o nome do Maradona.

Para chegar ao deserto pegamos um tipo de transporte muito sustentável e que gasta pouca energia: camelos. Mas era um camelo ou um dromedário? A resposta é: os dois. Dromedário é uma espécie de camelo. Existem duas espécies, uma africana (Camelus dromedarius) e uma asiática (Camelus bactrianus).
Tá vendo aquela Lua que brilha lá no céu? (FOTO: Thiaguinho)
Segue a lógica dos políticos no Brasil: Nem todo ladrão é político, mas todo político é ladrão. Ou seja, nem todo camelo é um dromedário, mas todo dromedário é um camelo.

E é muito fácil distinguir um camelo (Asiático) de um dromedário (Africano):
  • O Camelo asiático tem duas corcovas, vive na Ásia e dança Gangnam Style.
  • Os camelos africanos sabem dançar Kuduro (FOTO: Latino)
  • O Camelo africano tem apenas uma corcova, vive na África e dança Kuduro.
Enfim, foram duas torturantes horas andando desconfortavelmente naquele meio de transporte. Dá ultima vez que usei as palavras “torturantes, desconfortavelmente e meio de transporte” na mesma frase eu estava me referindo aos voos da Ryanair.

Mas sobrevivi bravamente. Apesar de ter vindo em um dos camelos mais selvagens, eu sobrevivi!  O meu camelo era tão selvagem e mal-educado que no meio do caminho ligou o celular sem fones de ouvido e começou a ouvir Funk...

Mas a vista de cima do camelo era privilegiada. Uma mistura de nada, com absolutamente nada de fundo, com porra nenhuma dando aquele toque especial. O Deserto possui uma grande flora de areia e uma diversidade incontável de fauna de areia.

Deserto do Saara em um dia qualquer.
Deserto do Saara em um dia de verão.
Deserto do Saara em um dia de Inverno
Deserto do Saara na Páscoa
Deserto do Saara no Natal
Acre
No deserto do Saara também podem ser encontradas as serpentes mais venenosas do mundo, como najas, sogras e vizinhas fofoqueiras.

Na chegada, quanta alegria. Inúmeras pessoas chorando porque entrou areia nas câmaras fotográficas e haviam estragado. Uma alegria contagiante. Ventava muito, entrou areia em orifícios do meu corpo que eu nem sabia da existência. E alguns grãos de areia estão lá até hoje. E acho que permanecerão por toda a eternidade...
Tamanho do salário de um professor (FOTO: Beto Richa)
Inspiramo-nos no BOPE, subimos alguns morros e fomos ver o pôr-do-Sol. Eu já vi o pôr-do-sol no mar, na Torre Eiffel, no Big Ben, na Cordilheira do Atlas e agora no Deserto do Saara. O próximo passo é ver o pôr-do-Sol de Mercúrio.
Eu sendo abduzido (FOTO: Daniela Albuquerque)
Um fato que me chamou a atenção é que havia sinal de celular no Deserto do Saara. O sinal de telefone no meio do deserto era melhor que o sinal da TIM em todo o Brasil. O pior de tudo isso é que não é piada. Eu até liguei pro serviço de atendimento ao consumidor da TIM para reclamar disso, mas infelizmente o sinal caiu no meio da ligação.

À noite beduínos deram um show. Pra quem não sabe, beduínos são pessoas que ficam andando pelo deserto de camelo em busca de... Não tenho a mínima ideia do que eles buscam. Mas enfim, todos sentamos a volta de uma fogueira para ouvi-los cantarem. As letras de suas músicas eram semelhantes ao Sertanejo Universitário: cerca de 3 ou 4 sílabas onde ninguém entendia nada.
Beduínos cantando (FOTO: Gusttavo Lima)
Na hora de dormir, que tristeza. Faz muito frio no deserto, proporcionando um clima perfeito para dormir de conchinha com a solidão...

Pela manhã os beduínos nos acordaram cedo para ver o pôr-do-Sol. E também porque queriam se livrar logo daquele bando de turista chato. Foram mais duas horas em cima de um camelo, que teve como consequência mais 1 tubo de Hipoglós... Acabava ali nossa aventura nas areias da vida (!?). 

Câmbio, desligo.


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terça-feira, 2 de abril de 2013

Socorram-me em Marrocos - Parte 2


Terça-feira, 2 de abril de 2013. 23 horas e 55 minutos. Não sei o que é pior: a Coreia do Norte ameaçando lançar mísseis ou a Coreia do Sul ameaçando lançar uma nova música do PsyDizem que todo Urso Polar é canhoto. Essa informação é importante para que você entenda algumas coisas desse texto. Ou não.

No nosso segundo dia em Marrocos, acordamos cedo para tomar café da manhã. Depois de uma xícara de café e 17 copos de suco de laranja, fomos conhecer um pouco mais de Marrakech.

Primeiro fomos até o Cyber Park, um parque onde são disponibilizados computadores ao ar livre e internet grátis. Lá vimos muitos jovens acessando site de notícias, redes sociais e, claro, sites pornôs. Era uma grande “Lan House” ao ar livre, mas sem aqueles manos do Hip Hop postando imagens de gatinhos brilhantes no Orkut.

Depois fomos à Casa do Sultão de Marrakech. Era muito interessante. Tinha muitas árvores e... Só.
Batendo um papo cabeça com o amigão (FOTO: Jade Rashid)
Então fomos ao lugar mais esperado por todos: um banheiro. Logo depois fomos ao famoso Paraguai Mercadão de Marrakech, um lugar onde pessoas negociam desde suco de laranja até a própria alma (o primeiro é mais caro). Se um dia você acordar sem um rim, procure primeiramente no Mercado Livre. Se não achar lá, pode ter certeza que está no Mercadão de Marrakech.

Fósseis de Trilobites no Mercadão de Marrakech (FOTO: Dercy Gonçalves)
Lembram-se da novela “O Clone”, onde todo mundo em Marrocos falava português? Provavelmente você também teve aquele amigo chato (ou você era o amigo chato!?) que dizia que aquela novela era surreal, já que muitos marroquinos falavam português. Pois bem, lá muita gente fala português, principalmente no mercadão. Alias, eles falam a língua que precisar pra negociar: espanhol, português, francês, italiano, inglês, alemão, mandarim, libras e até mesmo aquela que ninguém entende: o cearense.
Muitos tapetes no Mercadão de Marrakech (FOTO: Aladin)
No mercadão não existe preço fixo, tanto que não há nenhuma plaquinha de preço nas coisas. Toda vez que você pergunta quanto é, o vendedor responde: “Quanto você acha que vale isso?”. Então, começa a negociação. Eles jogam o valor lá em cima, mais que o dobro do preço normal. O segredo é jogar um valor ridículo, um valor equivalente ao PIB do Vaticano. Então, enquanto ele vai abaixando o valor dele, você deve ir aumentando o seu... Mas aos poucos, sem muita pressa. E se ele não aceitar seu valor, vire as costas e finja que está indo embora. Em 90% dos casos ele vai te chamar e aceitar seu preço. Nos outros 10%, se você virar as costas o vendedor pegará na sua bunda.

A moeda marroquina é o Dirham. 1 Dirham vale 0,01 Euro, ou seja, 1000 Dirhams equivalem a 100 euros, ou 250 reais, ou 1 Kinder Ovo. Deve-se tomar muito cuidado. Dar o dinheiro com a mão esquerda é considerado uma grande falta de respeito, já que consideram a mão esquerda impura. Por essa razão não existem ursos polares em Marrocos.

No outro dia fomos até uma Kasbah, parte antiga de uma cidade ao sul de Marrocos que eu não lembro o nome, bem próximo ao Deserto do Saara. É um lugar onde tudo é feito de barro: as paredes são feitas de barro, as casas são feitas de barro, os utensílios domésticos são feitos de barro e até o barro é feito de barro. Só não vou dizer que as pessoas são feitas de barro pois não acredito na teoria da abiogênese, de que o Homem veio do barro. A arquitetura do local é marcante, do estilo “Palmeiras”, já que pode cair a qualquer momento.  

Logo depois fomos onde o Judas perdeu as botas em direção ao Deserto do Saara, mas isso eu conto em outro post.

Também fomos a Cordilheira do Atlas, uma cadeia montanhosa de 2400 Km que inclui Marrocos, Argélia, Tunísia e Gibraltar. Curiosamente, ela teve origem há milhões de anos atrás, quando a África colidiu com a América. Quando a América encontrou-se com a África, originou uma belíssima cadeia montanhosa. Quando a Europa encontrou-se com a África, originou exploração, fome e guerras. Viva o Velho Mundo!!

Voltamo a Marrakech e à noite fomos para uma badalada festa em uma casa noturna em Marrocos. Tá esquece a parte de badalada. Chegamos lá e tinha uns caras bem ao estilo “Sheik Árabe”: fumando narguilé e com 2 gostosas do lado. No Brasil um cara que fuma e é cercado de gostosas é chamado de Fabio Assunção.

Lá só tocava música família, como “Mulher Melancia Velocidade 6” (Juro!). Lógica é uma palavra que não se encaixa naquilo: haviam várias Tv’s passando desfile de moda, com modelos anoréxicas vestindo roupas alienígenas. Meu teclado já consumiu mais comida que aquelas modelos.
Com toda a sensualidade brasileira que nós não temos, fomos dançar. Acho que as casas noturnas marroquinas não estão acostumadas com pessoas que dançam e depois de um tempo o Dj começou a colocar umas músicas muito ruins. Teve uma hora que ele apelou e trocou a música por uns ruídos irritantes, conhecido com Sertanejo Universitário. Não sei o que foi pior, as músicas que o Dj gostava ou as músicas que o motorista do ônibus gostava. Então foram pedir música brasileira. E o Dj se animou: colocou Margareth Menezes, uma famosa cantora brasileira que ninguém conhece. Foram então pedir músicas mais animadas, mas o Dj disse que não poderia tocar esse tipo de músicas. Poooorra cara, você estava tocando Mulher Melancia... Pré-adolescentes engravidam só de ouvir músicas dela.

No último dia em Marrakech fomos ao mercado pechinchar mais algumas inutilidades. Após o almoço, fomos andar no táxi mais luxuoso do mundo. Mentira, andamos de carroça, que não deixa de ter seu charme. O “taxista” nos levou para a zona rica da cidade. Lá se encontravam cassinos, hotéis e apartamentos luxuosos. Em um dos hotéis, a diária custava apenas 3 mil euros. Apenas gente rica e ‘honesta’ frequenta aquele local, como: Sheiks arábes, russos mafiosos (sério, o taxista nos disse isso), políticos...

Por último demos uma passada na Praça Jemaa el-Fna, famosa praça próxima ao Mercadão de Marrakech. O nome da praça pode ser traduzido como “Assembleia dos Mortos”, pois ali, há séculos, criminosos eram executados e a cabeça deles, exposta para servir de exemplo. Se a moda pega, Brasília seria palco da maior exposição de cabeças de criminosos do mundo. Enquanto isso não acontece, contentemo-nos com a “Assembleia dos Deputados” em Brasília.
Meu nome em árabe. Weverton em árabe significa “aquele que não sabe o significado do próprio nome” 
Na praça encontramos várias artistas tocando flauta, fazendo malabarismo, acrobacias, dançando e até o famoso encantador de cobras. Mas tudo é pago. Você deve fazer como o Ronaldo há algum tempo atrás: pagar para ver a cobra alheia.

Câmbio, desligo. 

Dúvidas, reclamações, sugestões e depósitos na minha conta bancária podem (e devem!) ser tratados aqui.

E agooora temos novidade. Se quiser seguir o site e fazer com que sua foto apareça ali no cantinho, aumentando a possibilidade de encontrar sua alma gêmea (ou não), clique em "Participar desse site". Dr. Albieri e Jade aprovam isso!