quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sinos de Belém - Lisboa

Sexta-feira, 28 de dezembro de 2012. Meia noite e sete. Faltam 72 horas para o Ano Novo e 71 para seu tio fazer a piadinha do "Esse acorda só amanhã". Eu queria muito passar o fim de ano no Hemisfério Sul...

Dia 21 de dezembro de 2012 foi o tal fim do mundo. E o meu fim de mundo começou exatamente as 16:43 com uma prova de uma das matérias didáticas. Mas fui bravo, corajoso, resistente. Sobrevivi. O mundo não acabou, mas bem que poderia dar um tempo...

Um aviso a você que chegou até aqui...

Mas, estávamos quase no Natal. Época de paz, harmonia, criança chorando com medo daquele Papai Noel magro e com bafo de cerveja... Época de convivência em família. Mas não para mim. A vida é feita de escolhas, escolhi não fazê-las...

Mas voltando ao assunto dessa bagaça, fomos para Lisboa, capital de Portugal. Infelizmente nenhum dos meus colegas foram jogados de um trem em movimento, como em Porto, mas enfim.

Chegamos lá e quanta decepção. Já estava pronto para usar o péssimo trocadilho “LisRuim”. Fomos para uma zona da cidade horrível. Tinha cocô de cachorro pra todo lado e também cocô de cachorro. Aliás, um grande defeito de Portugal é que as pessoas levam seus cachorros pra passear e não juntam as fezes do cagão bichano. Assim, Portugal torna-se um grande cocô na Rua da Europa... Houve boatos que Portugal estava na pior. Não eram boatos.


Sério, tem isso pra tudo qualquer lado em Portugal.

E é aqui que passa o bonde do tigrão...

Saudades Brasil(eiras)
À noite fomos passear por uma das praças de Lisboa. Estávamos lá, pobres e inocentes turistas, quando do nada surgiu um português oferecendo drogas pra gente. Ele chegou e disse: “Marijuana ou Haxixe?”. Como assim? Nem um Oi, Boa Noite ou coisa do tipo? O cara era tão maconheiro que quando vai fazer login no e-mail e lê a opção "esqueceu a senha", acha que é algo pessoal.

Tudo bem que eu sou a favor das drogas pelas coisas boas que elas nos trazem, como por exemplo poder comprar um Iphone por 30 reais. Mas negamos! O cara ficou agressivo, começou a nos xingar. Eu disse: “Nossa cara, assim você me mata”. Dançamos.

Logo em seguida ouvimos alguns batuques e pessoas batendo palmas. De longe parecia um E.T ou um anão dançando. De perto parecia um E.T anão dançando.

Oi Oi Oi

Então, chegou a tão (pouco) esperada véspera de Natal. Logo pela manhã fomos até o Zoológico. Para os alienados, zoológico é um lugar onde animais prendem outros animais em jaulas para outros animais visitarem.

Eu e Tony Ramos
O Zoológico era enorme. Teve algumas apresentações de golfinhos e leões-marinhos, bem ao estilo norte-americano.

Okapi, meio zebra e meio girafa. Explica essa Darwin!

Fodam-se vocês. Nem queria evoluir...
Foto com um Leão-marinho. Chupa Mundo! 

Ops...
                                     

Quando chegou a noite deu aquele aperto no coração. Àquela hora eu estaria em casa, sentindo o cheiro de carne assada, comendo panetone e falando mal do show do Roberto Carlos. Mas não, estava andando por Lisboa com muita fome procurando um lugar aberto pra comer. Acabamos comendo um tal de “Kebab” em um restaurante indiano. Sim, nossa ceia de natal foi em um restaurante indiano. Mas ah, ou era isso ou então comer em um restaurante japonês, os únicos que não comemoram Natal!

Safadinhos esses portugueses...

Aliás, essa viagem ficou marcada pela Índia. Nossa ceia foi em um restaurante indiano e o Hotel em que ficamos era Indiano. Isso me fez refletir sobre coisas importantes da vida, como por exemplo, será que na Índia o Canal do Boi é tipo a Rede Vida no Brasil?

Fomos então a tradicional Missa do Galo de Lisboa. Eu lembro que assistia a Missa do Galo pela Tv. Na verdade eu assistia só metade, já que na outra metade eu dormia. Mas dessa vez foi diferente! Eu dormi a missa toda ao invés de só metade. Mas não me culpem, eu havia andado o dia todo, a missa começou meia noite e terminou as 2 da manhã. Creio eu que entre uma música e outra o padre também aproveitou para tirar um cochilo...

No dia do Natal acordamos dispostos a visitar o Oceanário de Lisboa. Ok, não acordamos dispostos, mas fomos até o Oceanário de Lisboa. Mas antes, como todo filho do pai do Aniversariante, fomos comer. Aqui em Portugal há uma rede de restaurantes chamada Chimarrão, que serve rodízio tradicional brasileiro. Aqui a carne é muito cara, o quilo do contrafilé equivale a um rim no mercado negro. Mas era Natal e optamos pelo espeto corrido, que tinha um preço razoavelmente justo. Faziam 4 meses que eu não sabia o que era comer mais de um tipo de carne de gado a vontade. Comi muito. Comi como se não houvesse amanhã!

Lá encontramos um garçom brasileiro que foi caminhoneiro na minha terra, Paraná. Achei ele um cara legal. Não por ser paranaense, mas porque era ele quem servia a picanha.

Fomos então até o Oceanário de Lisboa. Pelo preço achei que iria mergulhar com golfinhos, entrar em uma baleia e ainda conhecer Atlântida. Confesso que me decepcionei. O lugar era encantador, tinha água pra todo lado (olha que absurdo: água em um Oceanário). Havia animais que nem conhecia, como o peixe-lua, enguias, tubarões e todos os outros animais que tinham lá.




Já no outro dia fomos até Belém. Não, não é Belém do Pará. Lá não tinha Joelma nem Chimbinha, nem ao menos um cavalo manco (confesso que fiquei aliviado com isso). Estou falando de Belém, freguesia famosa por ter a famosa fábrica de Pastéis de Belém. Ir pra Lisboa e não comer os famosos pastéis de Belém é como ir a Ponta Grossa e não comer vina!



Mas antes fomos patinar no gelo em um parque próximo ao hotel. Eu, como um nato esportista do inverno, entrei na pista e após 3 segundos eu cai. Levantei e após 2 segundos cai novamente. Mas após 37 quedas eu consegui equilibrar-me naquilo. Aí então acabou o tempo e eu não pude mostrar a todos o sangue de patinador dos Alpes suíços que corre em minhas veias...
Um Lord Suíço patinando.
Torre de Belém. 
Passamos o dia em Belém. Aproveitamos para visitar a Torre de Belém e o Monumento aos Descobrimentos, que é um monumento em homenagem aos grandes navegadores portugueses. Em Portugal, chamam de Monumento aos Navegadores. No resto do mundo chamam de Monumento aos Exploradores.
Monumento aos EXPLORADORES

No nosso último dia em Lisboa, fomos até o Museu Nacional de História Natural. Era como todo e qualquer museu de história natural: a única coisa legal eram os fósseis e ossos de dinossauros.

Eu e Dercy. 

Finalizamos a viagem podres de canseira, tão fossilizados quanto os dinossauros daquela exposição...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Serra da Estrela: Eu vi neve! - Parte 2

Terça-feira, 11 de dezembro de 2012. 22 horas e 5 minutos. Faltam 13 dias para o natal e 14 dias para você trocar o presente na loja.


Como prometido, terminarei de contar o que aconteceu durante a viagem até Serra da Estrela.

Domingo pela manhã, após incríveis tempo algum de sono, levantei da cama. Tomamos café e saímos às voltas do Hostel em busca do segredo da secura das pombas. Acabamos achando algo incrível: gelo. Fomos até um riacho e havia algumas quedas de água. A água então congelava e formava espécies de estalactites (aquilo que tem nas cavernas). Achamos até algumas pedras que serviam de abrigo para nossos antepassados.

Gelo no riacho. Parece nome de livro pré-adolescente.

Eu já fui um homem das cavernas europeu.

Saímos meio-dia do Hostel para ir esquiar na neve. O momento mais esperado por todos. A ida até lá foi incrível, tudo parecia esculpido para que um ônibus cheio de estudantes caísse ribanceira a baixo. Sério, as ruas eram muito estreitas. E com aquela paisagem era fácil distrair-se e cair.

Quando chegamos, a quantidade de neve era inversamente proporcional a nossa decepção. Não havia neve! Nem mesmo neve artificial. Acabamos esquiando em um tapete. Sabe aqueles tapetes de grama artificial? Era exatamente aquilo, só que com água e branco. Esquiar não foi tão legal assim. Você sofre pra subir e, quando sobe, são incríveis 5 segundos de descida a uma velocidade insignificante. Foi tão ‘excitante’, que desistimos de ficar esquiando e fomos a uma apresentação de slides! (slides era uma espécie de tirolesa)

Esqui na neve. Ou não. 

A tirolesa parecia segura, mas era muito perigosa. Enquanto um ficava na parte de cima para engatar a pessoa nos cabos, outros dois ficavam embaixo para parar a pessoa quando ela estivesse chegando ao final e para avisar quando não estivesse vindo carro, já que os cabos passavam pela entrada do estacionamento. Comigo ocorreu tudo bem, mas com a Keli eles precipitaram-se. Eles gritaram que não estava vindo carro, e ela veio. Só então perceberam que uma Van estava saindo do estacionamento. A Van acelerou e conseguiu sair do caminho, uns 4 segundos antes da Keli passar por esse ponto. Ainda bem, seria um estrago muito grande, uma perda irreparável. Imagina só se acontece alguma coisa? A Van ficaria toda amassada... Confesso que fiquei aliviado pela Van ter saído ilesa dessa.

Hora de ir embora. Poderia acabar o post aqui. Mas não, a jornada de nós, guerreiros da neve suburbana , não pode acabar assim. Na volta, todos estavam quase dormindo. Até que alguém gritou: “Caralho, tem uma mala pendurada na porta do porta-malas”. Caralho, era uma mala pendurada na porta do porta-malas. A porta do porta-malas abriu com o ônibus em movimento.

Todos apavorados começaram a gritar para o motorista parar o ônibus e ele andou mais uns 500 metros antes de parar. Ele desceu, viu que não tinha nenhuma mala caída, fechou a porta e voltou a dirigir. Fiquei imaginando o critério que ele usou para saber que nenhuma mala havia caído. Ele viu que tinham malas lá dentro e pensou: “Não tem nenhuma mala que caiu aqui, logo não caiu nenhuma”. Será que é porque se alguma mala tivesse caído ela não estaria ali!?

Ele andou mais uns 30 minutos até que, após algumas ameaças de morte, ele parou o ônibus pra todo mundo descer conferir se a mala estava lá. Todas as malas estavam lá, inclusive os lazarentos que chegaram gritando de madrugada no Hostel. Mas fiquei imaginando: e se algumas malas tivessem caídos? Ele iria voltar pra pegar? Eu só imaginava um alce andando pelo meio da mata com uma mala na cabeça e todo mundo correndo atrás.

Apesar dos pesares, tudo ocorreu bem nessa viagem. A neve não é como eu pensava que fosse, eu não dormi a noite, eu não fiz um boneco de neve, eu esquiei em um tapete e quase perdi minha mochila com todos os documentos. Mas e daí!? Se tudo ocorrer como planejado não tem graça. Se tudo ocorrer como planejado, não tem histórias pra contar. Se não tem histórias pra contar não tem post nessa joça. Se não tem post nessa joça...Aaah, vocês entenderam o espírito da coisa.

Câmbio, desligo. 


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Serra da estrela: Eu vi neve! - Parte 1


Segunda-feira, 10 de dezembro de 2012. 22 horas e 41 minutos. Hoje faz exatos 3 meses que estou em Portugal. Começam os primeiros sintomas de saudade, que as vezes potencializa-se e escorre pelos olhos. Corintianos sem dinheiro para hotel estão criando a primeira favela no Monte Fuji, alerta governo japonês.

Esse final de semana fui tentar realizar um sonho de criança: ficar rico. Mas também fui a Serra da Estrela, o ponto mais alto de Portugal. Fomos com uma excursão do Erasmus (entidade representante de todos os estrangeiros que invadiram a Universidade de Coimbra). Como a história é grande, dividirei em duas partes para vocês, fiéis e incompreendidos leitores dessa joça, não se cansarem tanto.

Silent Hill Coimbra logo pela manhã

Acordamos sábado cedo, mais exatamente cedo pra caramba, pra pegar o ônibus até lá. Antes de chegar a Serra da Estrela fizemos algumas paradas. A primeira delas foi na Aldeia de Piodão, uma aldeia que fica a beira da Serra do Açor. Era um lugar onde tudo era feito de pedra: as casas eram feitas de pedra, as paredes eram feitas de pedra, as ruas eram feitas de pedra, os tetos das casas eram feitos de pedra, as pessoas eram feitas de pedra e até mesmo as pedras eram feitas de pedras. A principal fonte de renda dos moradores é a agricultura, além é claro, do cultivo de pedras.

Paredes e teto feito de pedra

Área de agricultura e cultivo de pedras

Depois fomo até um canil onde haviam cães (olha só que inovador isso). Mas não eram cães qualquer. Eram cães da Serra da Estrela, que diferenciavam-se dos outros pelo fato de viverem na Serra da Estrela. Haviam alguns cães bonitos, mas outros que acham-se iguais abandonados pelas ruas no Brasil.
Uma raça dessa custa cerca de 600 euros (1500 reais)
Fomos então rumo a Serra da Estrela. Jurava que não iria ver neve. Levei muitas blusas e já estava me arrependendo de não estar levando calção e regata, já que estava muito calor. Estava com medo de encontrar chão rachado pela seca ao invés de neve.

A subida da Serra é, diria eu, elegante. Sabe aquele negócio que você vê em filmes, dos carros subindo em espiral uma montanha, o carro quase caindo ribanceira a baixo? É exatamente assim. E posso garantir que estar do lado de dentro do veículo que está subindo é muito melhor.

Alguns Resquícios de Neve

Já estávamos quase no topo quando começamos a ver resquícios de neve. Até que chegamos ao topo e vimos tudo branco, tudo gelado, tudo como nos filmes.

Neve. Chupa Mundo

Neve é coisa de rico, algo que só tinha visto pela TV, ou em alguma daquelas revistas de turismo que você lê na sala de espera do dentista. É um fenômeno que só acontece em países descentes, mas também na Argentina. Nós sul-brasileiros temos a forma pobre da neve, a geada.

A neve nos proporciona algumas imagens lindas, como por exemplo, ver alguns animais insignificantes e desprovidos de cérebro que andam por aí usando casacos de pele de outros animais. Mas enfim, eu vi neve!

Sou um bom fotógrafo as vezes. E bonito, simpático, divertido, mentiroso
e modesto
Mas não é nada parecido com os filmes. É que na verdade não vi neve caindo do céu, aqueles flocos de neve caindo como no comercial do Danoninho Ice. A neve é dura. Sabe aquele gelo que fica nas extremidades do congelador? Pois então, neve é aquilo.

Tinha umas bolas de gelo neve tão grandes que eu fui brincar de guerrinha de neve e matei um amigo.  Mas aaah, era neve. Estava tudo branco e pude ver o pôr-do-Sol do lugar mais alto de Portugal, onde o céu laranja contrastava com o chão branco.
E assim surge a Igreja Bola de Neve Church

Vamos brincar de guera de neve. Quem sangrar antes perde

Fiquei meio frustrado por não poder fazer um boneco de neve. Precisa de muita neve pra isso, e neve em um estado que eu possa jogar na cabeça de um amigo sem matá-lo. Lembro quando criança que eu coloquei meu boneco dos Power Ranges no congelador pra eu ter um boneco de neve, frustradamente.

Antes de ir embora entramos em uma loja que vendia queijos, nada além de queijos. Havia diversos tipos: queijo ruim, queijo péssimo, queijo horrível, queijo lazarento de ruim, puta que pariu que queijo é esse e também do tipo Eu não vou comer esse queijo.

Essa foto fede a queijo

Fomos para um Hostel ao pé da Serra da Estrela. Hostel é um tipo de albergue. Você divide quarto, moral e dignidade com outras pessoas que você não conhece.

Fiquei feliz quando soube que haveria jantar. Fiquei triste quando comi o jantar. Quando chegou minha vez acabou o arroz, e só tinha carne de pomba com batatas. Há muito tempo atrás comi pomba, era bom. Mas não sei o que tinha naquilo, era tão seca que parecia àqueles caquis marrentos. E tenho uma leve impressão de que a cozinheira colocou açúcar ao invés de sal nas batatas. Outro lugar que cozinhavam tão mal que rezamos antes e depois de comer.

Ok, foi legal comer batata frita doce com pomba seca, interagir com outras pessoas e tudo. Mas a hora de dormir foi um inferno. A cada 15 minutos alguém acendia a luz e demorava 1 hora pra apagar de novo. Tudo isso não seria um problema se eu não estivesse dormindo na parte de cima do beliche e a lâmpada não ficasse em cima de mim. Quando finalmente consegui dormir (umas 3h da manhã), uma galera do outro quarto chegou bêbada e gritando. Gritando pra acordar os outros, de propósito. Sinceramente não desejo mal algum pra eles. Mas eu não gosto muito de toupeiras. Por isso desejo que algumas toupeiras entrem pelo canal retal de cada um deles.

Amanhã eu posto a segunda parte. Falarei sobre o esqui na neve (só que não), sobre um homem das cavernas europeu e sobre uma perigosa apresentação de slides.

Câmbio, desligo. 

Veja aqui a segunda parte dessa aventura.(leia com a voz do locutor da Sessão da Tarde. Obrigado).

Veja aqui o que aconteceu em Porto.