segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Serra da estrela: Eu vi neve! - Parte 1


Segunda-feira, 10 de dezembro de 2012. 22 horas e 41 minutos. Hoje faz exatos 3 meses que estou em Portugal. Começam os primeiros sintomas de saudade, que as vezes potencializa-se e escorre pelos olhos. Corintianos sem dinheiro para hotel estão criando a primeira favela no Monte Fuji, alerta governo japonês.

Esse final de semana fui tentar realizar um sonho de criança: ficar rico. Mas também fui a Serra da Estrela, o ponto mais alto de Portugal. Fomos com uma excursão do Erasmus (entidade representante de todos os estrangeiros que invadiram a Universidade de Coimbra). Como a história é grande, dividirei em duas partes para vocês, fiéis e incompreendidos leitores dessa joça, não se cansarem tanto.

Silent Hill Coimbra logo pela manhã

Acordamos sábado cedo, mais exatamente cedo pra caramba, pra pegar o ônibus até lá. Antes de chegar a Serra da Estrela fizemos algumas paradas. A primeira delas foi na Aldeia de Piodão, uma aldeia que fica a beira da Serra do Açor. Era um lugar onde tudo era feito de pedra: as casas eram feitas de pedra, as paredes eram feitas de pedra, as ruas eram feitas de pedra, os tetos das casas eram feitos de pedra, as pessoas eram feitas de pedra e até mesmo as pedras eram feitas de pedras. A principal fonte de renda dos moradores é a agricultura, além é claro, do cultivo de pedras.

Paredes e teto feito de pedra

Área de agricultura e cultivo de pedras

Depois fomo até um canil onde haviam cães (olha só que inovador isso). Mas não eram cães qualquer. Eram cães da Serra da Estrela, que diferenciavam-se dos outros pelo fato de viverem na Serra da Estrela. Haviam alguns cães bonitos, mas outros que acham-se iguais abandonados pelas ruas no Brasil.
Uma raça dessa custa cerca de 600 euros (1500 reais)
Fomos então rumo a Serra da Estrela. Jurava que não iria ver neve. Levei muitas blusas e já estava me arrependendo de não estar levando calção e regata, já que estava muito calor. Estava com medo de encontrar chão rachado pela seca ao invés de neve.

A subida da Serra é, diria eu, elegante. Sabe aquele negócio que você vê em filmes, dos carros subindo em espiral uma montanha, o carro quase caindo ribanceira a baixo? É exatamente assim. E posso garantir que estar do lado de dentro do veículo que está subindo é muito melhor.

Alguns Resquícios de Neve

Já estávamos quase no topo quando começamos a ver resquícios de neve. Até que chegamos ao topo e vimos tudo branco, tudo gelado, tudo como nos filmes.

Neve. Chupa Mundo

Neve é coisa de rico, algo que só tinha visto pela TV, ou em alguma daquelas revistas de turismo que você lê na sala de espera do dentista. É um fenômeno que só acontece em países descentes, mas também na Argentina. Nós sul-brasileiros temos a forma pobre da neve, a geada.

A neve nos proporciona algumas imagens lindas, como por exemplo, ver alguns animais insignificantes e desprovidos de cérebro que andam por aí usando casacos de pele de outros animais. Mas enfim, eu vi neve!

Sou um bom fotógrafo as vezes. E bonito, simpático, divertido, mentiroso
e modesto
Mas não é nada parecido com os filmes. É que na verdade não vi neve caindo do céu, aqueles flocos de neve caindo como no comercial do Danoninho Ice. A neve é dura. Sabe aquele gelo que fica nas extremidades do congelador? Pois então, neve é aquilo.

Tinha umas bolas de gelo neve tão grandes que eu fui brincar de guerrinha de neve e matei um amigo.  Mas aaah, era neve. Estava tudo branco e pude ver o pôr-do-Sol do lugar mais alto de Portugal, onde o céu laranja contrastava com o chão branco.
E assim surge a Igreja Bola de Neve Church

Vamos brincar de guera de neve. Quem sangrar antes perde

Fiquei meio frustrado por não poder fazer um boneco de neve. Precisa de muita neve pra isso, e neve em um estado que eu possa jogar na cabeça de um amigo sem matá-lo. Lembro quando criança que eu coloquei meu boneco dos Power Ranges no congelador pra eu ter um boneco de neve, frustradamente.

Antes de ir embora entramos em uma loja que vendia queijos, nada além de queijos. Havia diversos tipos: queijo ruim, queijo péssimo, queijo horrível, queijo lazarento de ruim, puta que pariu que queijo é esse e também do tipo Eu não vou comer esse queijo.

Essa foto fede a queijo

Fomos para um Hostel ao pé da Serra da Estrela. Hostel é um tipo de albergue. Você divide quarto, moral e dignidade com outras pessoas que você não conhece.

Fiquei feliz quando soube que haveria jantar. Fiquei triste quando comi o jantar. Quando chegou minha vez acabou o arroz, e só tinha carne de pomba com batatas. Há muito tempo atrás comi pomba, era bom. Mas não sei o que tinha naquilo, era tão seca que parecia àqueles caquis marrentos. E tenho uma leve impressão de que a cozinheira colocou açúcar ao invés de sal nas batatas. Outro lugar que cozinhavam tão mal que rezamos antes e depois de comer.

Ok, foi legal comer batata frita doce com pomba seca, interagir com outras pessoas e tudo. Mas a hora de dormir foi um inferno. A cada 15 minutos alguém acendia a luz e demorava 1 hora pra apagar de novo. Tudo isso não seria um problema se eu não estivesse dormindo na parte de cima do beliche e a lâmpada não ficasse em cima de mim. Quando finalmente consegui dormir (umas 3h da manhã), uma galera do outro quarto chegou bêbada e gritando. Gritando pra acordar os outros, de propósito. Sinceramente não desejo mal algum pra eles. Mas eu não gosto muito de toupeiras. Por isso desejo que algumas toupeiras entrem pelo canal retal de cada um deles.

Amanhã eu posto a segunda parte. Falarei sobre o esqui na neve (só que não), sobre um homem das cavernas europeu e sobre uma perigosa apresentação de slides.

Câmbio, desligo. 

Veja aqui a segunda parte dessa aventura.(leia com a voz do locutor da Sessão da Tarde. Obrigado).

Veja aqui o que aconteceu em Porto. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário